Você está comendo aquele prato delicioso em algum lugar do mundo, ou está apreciando a vista de uma praia paradisíaca e então você percebe algo sutil, um sentimento brando que vem e começa a tomar conta de você ao longo dos dias. Você percebe que Viajar te Transforma.
É um momento silencioso, quase íntimo, em que você se encaixa. Um momento que passa despercebido pelos olhos das outras pessoas, mas que te provoca um estranhamento.
Após alguns dias em contato com culturas diferentes, pessoas diferentes, uma viagem pode te transformar. Pode fazer você não mais voltar a ser o mesmo…

A Jornada Interior
Durante meus 10 meses viajando pela Europa e meus 4 meses na Tailândia, vivi experiências que me ajudaram a questionar minhas próprias crenças e a moldar novas convicções. Às vezes, isso significa deixar para trás valores antigos que já não fazem mais sentido. E isso não se refere apenas a crenças religiosas, mas também às nossas ideias sobre o que é certo, o que é importante e até o que é necessário para uma vida plena.
Viktor Frankl, psicoterapeuta e sobrevivente do Holocausto, disse uma vez: “Quando não podemos mais mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos.” A viagem nos coloca exatamente nesse lugar de desafio, onde somos forçados a encarar novas realidades e nos adaptar. Em cada cidade que eu visitava, seja nas ruelas da Bulgária ou nas praias da Tailândia, eu era convidada a reavaliar quem eu era e o que realmente valorizava.
Se você ainda não sentiu isso talvez esteja fazendo viagens de forma fechada. Não errada, pois não existe viagens erradas, mas talvez fechada. De mente fechada, de programações fechadas.
Abertura para Novas Perspectivas
Viajar com a mente aberta é essencial. Se você se permite sair da sua zona de conforto, a viagem se torna um laboratório de experiências que podem gerar mudanças profundas. Jordan Peterson, psicólogo e autor, defende a ideia de que a verdadeira transformação vem quando decidimos, conscientemente, nos desafiar e sair da nossa zona de conforto. Ele diz: “Sair da zona de conforto é o primeiro passo para uma verdadeira mudança.” E é exatamente isso que a viagem proporciona.
Pense na experiência de um paulista, acostumado com o caos da metrópole, ao passar algumas semanas no sertão nordestino ou em uma tribo amazônica. A visão da vida, do tempo e da urgência pode mudar completamente. Uma viagem ao Nepal, por exemplo, pode te fazer questionar se aquelas “necessidades” que você considera básicas realmente são, ou se você tem sido escravo de um sistema que te ensinou a viver de forma acelerada e superficial.
Em qualquer lugar que você viaje, o importante é estar atento ao mundo à sua volta. Deixe-se contaminar pelo mundo de aprendizado à sua volta.
O Importante é Estar Presente
Muitas pessoas viajam no “automático”, cheias de programações e atividades, movidas por um frenesi de ir e vir, de compras e pontos turísticos. O que acontece é que, quando elas retornam para casa, muitas dizem que precisam de férias para descansar das férias. Isso ocorre porque não se permitiram o tempo de verdadeiramente vivenciar a experiência.
Eu sempre tento reservar ao menos 1 ou 2 dias livres no meio de uma viagem. E esses dias são essenciais. Não estou falando de fazer turismo nos pontos principais da cidade, mas de sentar em uma praça, observar as pessoas, interagir com locais, ir a feiras, mercados, fazer amizade e talvez até almoçar com um habitante local. Esse tipo de experiência te permite descobrir valores humanos que, de outra forma, poderiam passar despercebidos.
Ao tirar férias, você pode sim ter uma certa programação, deve conhecer os lugares clichês e turísticos, mas se eu posso lhe dar um conselho, reserve dias livres no meio de sua viagem. E por favor: saia do hotel!! O importante é sair da rotina (até mesmo da rotina das férias) e dar oportunidade para um novo aprendizado.
É impressionante como uma pessoa pode voltar mais motivada de uma viagem, mais positiva, menos reclamona.
O Impacto Pessoal
Eu posso afirmar com toda certeza: viajar me transformou. Cada experiência, cada interação, e até os momentos de solidão em lugares desconhecidos me ensinaram algo novo sobre mim mesma. Quando você está imerso em uma nova cultura, tudo o que você sabia sobre o mundo começa a ser reconfigurado. Você pode retornar mais motivado, mais positivo e, talvez, até menos “reclamão”, como muitos diriam.
Viktor Frankl também nos lembra que a busca por um sentido maior é o que dá direção à nossa vida, e as viagens podem ser uma das maneiras mais profundas de encontrar esse sentido. A viagem não é apenas sobre visitar um lugar, mas sobre vivenciar, experimentar e refletir.
Mais que conhecer um lugar, as pessoas devem buscar uma experiência. Conheço pessoas que conhecem 5, 6, 8 países ou cidades diferentes em apenas uma viagem e não trazem nenhuma experiência do lugar.
Conclusão: Voltar para casa pode não ser voltar a ser o mesmo
Na próxima viagem, procure voltar de uma forma diferente. Volte não apenas com lembranças, mas com transformações internas que você nem imaginava que seriam possíveis. Viaje com a mente aberta, questione, aprenda com o que é novo, e permita-se ser transformado pelo mundo. Afinal, como disse Jordan Peterson, “Você não vai descobrir quem você é até que se permita ser desafiado.“
Então na próxima viagem, tente voltar, voltar a não mais ser o mesmo…