Nos últimos anos, uma nova tendência tem incomodado destinos ao redor do mundo: turistas mal educados. Comportamentos desrespeitosos, gafes culturais e até crimes leves ou graves estão se tornando mais frequentes, deixando moradores locais, autoridades e até outros viajantes indignados.
Você já se perguntou o que leva algumas pessoas a acharem que, ao cruzar uma fronteira, também cruzam os limites do bom senso? Pois é.
O mundo está recebendo cada vez mais turistas mal educados — e isso, infelizmente, está longe de ser exagero. De selfies em altares sagrados até banhos em canais históricos, os exemplos se acumulam. E, convenhamos, são tão numerosos quanto constrangedores.
Por isso, neste artigo, vamos analisar por que os turistas têm se comportado tão mal, quais são os impactos disso nos destinos e, claro, o que fazer para não cair nessa armadilha do chamado “turismo sem noção”.

O que são turistas mal educados?
Antes de qualquer coisa, vale esclarecer: turista mal educado não é apenas aquele que fala alto ou não dá gorjeta. Turistas mal educados são aqueles que desrespeitam leis, culturas, pessoas e o próprio espaço público. E não estamos falando apenas de atitudes inocentes. Muitos ultrapassam limites éticos e até legais.
Pode parecer absurdo, mas isso inclui:
- Tirar fotos em locais proibidos de tirar fotos (essa eu já vi aos montes);
- Escalar monumentos históricos para fazer selfies;
- Usar roupas inapropriadas em locais religiosos;
- Urinar na rua (sim, isso ainda acontece);
- Escrever nome em patrimônios (também já vimos muito);
Exemplos recentes de turistas mal educados
Você acha que exageramos? Pois veja alguns casos que viraram notícia nos últimos anos:
- Bali, Indonésia: turistas foram pegos rezando em templos hindus com shorts rasgados e poses sensuais. Respeito? Zero.
- Veneza, Itália: um grupo decidiu nadar nos canais como se estivessem no Caribe. Resultado? Multas e revolta local.
- Florença, Itália: um motorista australiano invadiu uma Zona de Tráfego Limitado (ZTL) e alegou “não entender as placas”.
- Dubai, Emirados Árabes: visitantes zombaram das rígidas leis de vestimenta e comportamento. Resultado: prisão.
- Quioto, Japão: turistas riscaram templos antigos com iniciais dentro de corações, como se fossem carteiras de escola.
- Fernando de Noronha, Brasil: Seis turistas invadem local proibido para tirar foto perto de penhasco.
Esses comportamentos não são simples gafes. Em muitos países, são considerados crimes e podem render multas pesadas, expulsão ou até cadeia..
Por que os turistas estão se comportando assim?
O crescimento desse tipo de comportamento tem causas complexas. Segundo especialistas, algumas razões são:
1. Sensação de impunidade
Ao sair do país de origem, muitos turistas acham que ganharam um passe livre para fazer tudo o que quiserem. Como se as leis locais fossem sugestões e não obrigações.
Pior: há quem se orgulhe da própria ignorância. O famoso “sou turista, posso fazer” virou quase um mantra da irresponsabilidade.
2. Cultura do “eu paguei, faço o que quiser”
Quem nunca ouviu alguém justificar um comportamento abusivo com: “tô pagando”? Pois é. O turismo virou, para muitos, uma experiência de consumo onde tudo está à venda — inclusive o respeito.
Essa visão transforma destinos em vitrines e moradores em figurantes. E o bom senso, nesse cenário, fica trancado no porta-malas da van turística.
3. Impacto psicológico pós-pandemia
Depois do confinamento, muita gente embarcou na vibe do “viajar como se não houvesse amanhã”. Só que esqueceram de levar o filtro social junto com a escova de dentes.
Especialistas chamam isso de “turismo sem freios”. O viajante busca intensidade, e não convivência. A consequência? Atitudes extremas e, muitas vezes, desrespeitosas.
4. Falta de preparo e conhecimento
Em tempos de Google na palma da mão, é quase preguiça ignorar os costumes do país que você vai visitar.
Mas a verdade é que muitos turistas não pesquisam absolutamente nada. Nem o clima. Resultado? Comem no lugar errado, se vestem de forma inadequada e até ofendem sem querer.
Como a falta de educação turística afeta os destinos
A presença constante de turistas mal educados tem sérios impactos nos destinos, principalmente aqueles que dependem do turismo para sua economia.
1. Danos ao patrimônio histórico e cultural
Monumentos milenares são pichados. Igrejas viram cenário para vídeos de TikToks duvidosos. Templos religiosos se tornam passarela de moda de praia. E o custo para restaurar tudo isso é alto — adivinhe quem paga? Sim, o governo local (ou seja, o contribuinte).
2. Comunidades cansadas dos visitantes
Populações que antes recebiam turistas de braços abertos começam a fechar a porta na cara dos viajantes. A hospitalidade vai embora junto com o respeito.
Não à toa, surgem movimentos contra o turismo em massa. Já viu alguma placa dizendo “Tourists Go Home”? Isso não é só revolta. É defesa.
3. Criação de leis mais rígidas
Veneza criou taxa de entrada. Amsterdã proibiu visitas em grupos a alguns bairros. Dubrovnik impôs limite diário de turistas. E esse é só o começo.
Ou seja: os mal educados estragam a viagem até para quem se comporta.
As consequências de ser um turista mal educado
Quem acha que ser mal educado em uma viagem não tem consequências está muito enganado. As punições podem ser sérias:
- Multas: Variam de algumas dezenas até milhares de dólares.
- Prisão: Em países como Singapura, Japão e Emirados Árabes, violar leis locais pode levar a penas severas.
- Deportação: Em casos mais graves, o turista pode ser banido do país.
- Exposição pública: Com o poder das redes sociais, muitos desses casos viram notícia internacional.
Aliás, pedir ajuda à embaixada nem sempre resolve. Na maioria das vezes, tudo o que ela pode fazer é indicar advogados locais.
É fácil cometer erros sem querer?
Sim. Muitos turistas acabam infringindo leis ou desrespeitando costumes por simples falta de informação. Alguns exemplos:
- Comer em locais públicos durante o Ramadã em países muçulmanos;
- Usar roupas de banho em locais sagrados;
- Trocar de roupa em locais públicos na Europa;
- Tirar fotos de crianças ou moradores sem permissão;
- Jogar lixo no chão em países com forte política ambiental, como a Alemanha.
Por isso, é essencial se informar antes de viajar. Entender as regras básicas de convivência é um ato de respeito — e pode salvar sua viagem de um desastre.
O papel das redes sociais na má educação dos turistas
Se por um lado o Instagram nos inspira a viajar, por outro, alimenta uma corrida por cliques que beira o irresponsável.
Para fazer a “foto perfeita”, muitos turistas pulam cercas, invadem áreas restritas, arriscam a vida ou simplesmente ignoram leis.
Pior: quando viraliza, o mau exemplo se espalha. Um pula a grade, outros seguem. De repente, um santuário virou cenário de dancinha.
O que fazer para ser um turista melhor?
A boa notícia é que há muitas maneiras de evitar esses erros e contribuir para um turismo mais respeitoso e sustentável. Veja algumas dicas simples:
- Pesquise sobre o destino: Conheça a cultura, as leis locais e os costumes.
- Vista-se adequadamente: Especialmente em templos, igrejas e locais sagrados.
- Não toque no que não deve: Arte, monumentos e objetos históricos não são brinquedos.
- Evite comportamentos invasivos: Falar alto, ouvir música em público ou tirar fotos de moradores sem permissão é extremamente desrespeitoso.
- Cumpra as leis locais: Mesmo que pareçam estranhas, são leis e devem ser respeitadas.
- Peça desculpas se errar: Um simples “desculpe” no idioma local pode fazer uma grande diferença.
Turismo responsável: uma tendência ou obrigação?
Vamos ser sinceros: viajar virou um privilégio comum. Cada vez mais pessoas têm acesso a voos internacionais e roteiros incríveis. Mas isso traz um novo desafio: fazer turismo sem destruir o que estamos conhecendo.
Turismo responsável não é frescura nem luxo. É obrigação moral de quem cruza fronteiras para conhecer culturas diferentes.
Se quisermos continuar viajando com liberdade, precisamos nos comportar à altura dessa liberdade. É simples assim.
Conclusão: ainda há tempo para mudar
Embora o cenário atual seja preocupante, ainda é totalmente possível mudar essa narrativa. Afinal, turistas mal educados são, infelizmente, uma realidade cada vez mais comum — no entanto, eles não representam a maioria.
Pelo contrário, milhões de viajantes ao redor do mundo seguem demonstrando respeito, empatia e consciência a cada nova jornada. E a boa notícia? Você pode — e deve — ser um deles.
Portanto, na sua próxima viagem, pense duas vezes antes de fazer algo que você jamais faria em casa. Afinal, você está visitando um lugar que pertence a outras pessoas. Ao agir com respeito e atenção, mesmo nos pequenos gestos, ajudamos a construir um turismo mais humano, responsável e, acima de tudo, duradouro.