Neste guia, reuni destinos europeus famosos pelo overtourism e suas alternativas para que sua viagem pela Europa seja tão leve quanto inesquecível.
Você já se sentiu como apenas mais um na fila? Ao visitar os grandes ícones da Europa como a Torre Eiffel, a Fontana di Trevi, as pontes de Veneza, a magia é frequentemente ofuscada por uma maré humana, selfies infinitas e a sensação de estar em um parque temático, e não em uma cidade milenar.
Este fenômeno, conhecido como overtourism (ou excesso de turismo), não apenas degrada a experiência do viajante, mas também sufoca a vida local, elevando custos, transformando bairros e desgastando patrimônios históricos e naturais.

Mas existe uma solução. O viajante moderno, consciente e experiente, está migrando para o conceito de “Antiturismo”: uma busca deliberada por autenticidade, por rotas menos óbvias e por lugares onde a cultura local ainda respira livremente.
Este guia é o seu mapa para essa jornada. Apresentamos destinos europeus mais atingidos pelo overtourism e, mais importante, revelamos suas alternativas secretas e surpreendentes, que oferecem toda a beleza, história e gastronomia que você procura, mas com paz, autenticidade e a chance real de interagir com a vida local.
Prepare-se para trocar as filas pelas paisagens vazias, os preços inflacionados pelas refeições caseiras e o estresse da multidão pelo ritmo sereno do slow travel.
Leia: O que é Slow Travel
Por que mudar a rota?
O overtourism não é apenas um incômodo; é um problema de sustentabilidade. Cidades icônicas estão implementando medidas drásticas, como taxas de entrada, restrições de cruzeiros e multas por mau comportamento, na tentativa de gerenciar o fluxo.
O Desejo: Experimentar a cultura e a história europeia. A Realidade do Overtourism: Ficar preso em armadilhas turísticas, consumir produtos de baixa qualidade e contribuir para o esgotamento dos recursos locais.
Ao escolher alternativas contra o overtourism na Europa, você não está apenas melhorando a sua viagem; você está praticando o turismo responsável e ajudando a distribuir os benefícios econômicos do turismo para comunidades que realmente precisam dele.
Troque: Veneza, Itália
Veneza é um dos lugares mais afetados pelo overtourism em toda a Europa. Além disso, ela sofre com eventos climáticos, enchentes e um fluxo diário de visitantes que parece não ter fim. Embora suas pontes e canais continuem cinematográficos, a experiência pode ser desgastante, especialmente em alta temporada. Caminhar pela Piazza San Marco sem esbarrar em alguém? Missão quase impossível.
Alternativa: Chioggia, Itália
Chioggia é uma surpresa deliciosa. Localizada a apenas 50 km de Veneza, essa cidade pesqueira preserva muitos dos elementos venezianos — canais estreitos, pontes encantadoras e arquitetura histórica — mas com um ritmo de vida totalmente diferente.
Você pode explorar o centro antigo a pé e, além disso, curtir mercados tradicionais que ainda atendem mais moradores do que turistas. A gastronomia é outro ponto forte: os restaurantes servem frutos do mar fresquíssimos por preços muito mais camaradas que Veneza. E, enquanto Veneza fecha suas portas cada vez mais para viajantes de bate-volta, Chioggia permanece aberta, acolhedora e genuína.
Troque: Roma, Itália
Filas gigantescas para o Coliseu, preços inflacionados no centro, e dificuldade em encontrar comida autêntica sem ser pega-turista.
Roma é, inegavelmente, um tesouro. Mas para mergulhar na história e na culinária italiana sem a exaustão das multidões, o foco deve mudar para o sul.
Alternativa: Lecce, Itália
Conhecida como a “Florença do Sul”, Lecce é a capital do barroco de Puglia. Sua arquitetura é dominada pelo Barroco Leccese, um estilo opulento e dourado, feito da pedra local, que dá à cidade uma luz única ao pôr do sol. A Piazza del Duomo e a Basílica di Santa Croce são obras-primas que você pode apreciar com calma.
A culinária é simples, à base de azeite extra virgem, massas orecchiette feitas à mão e frutos do mar frescos. Você encontra trattorias familiares onde o menu é ditado pelo que está fresco na estação, sem as filas de Roma. e o custo significativamente mais baixo que Roma, Milão ou Veneza.
Vantagem Extra: Está a uma curta distância das praias incríveis do Salento e de cidades encantadoras como Ostuni (a Cidade Branca) e Alberobello (dos trulli).
Troque: Amsterdã, Holanda
Ruas estreitas e canais congestionados por bicicletas e turistas, bairros residenciais transformados por hotéis e aluguéis de curta duração, e excesso de turismo de consumo.
Amsterdã é sinônimo de liberdade e arte. No entanto, o seu charme holandês está sendo engolido pelo fluxo massivo.
Alternativa: Haia (Den Haag), Holanda
A sede do governo holandês e da Corte Internacional de Justiça oferece a sofisticação da Holanda sem a loucura turística. Haia abriga o mundialmente famoso Mauritshuis, lar da Moça com o Brinco de Pérola de Vermeer. Você pode apreciar a arte holandesa sem a correria do Rijksmuseum.
É uma cidade elegante, cosmopolita e com forte presença local (devido aos diplomatas e funcionários do governo). Os cafés e restaurantes são voltados para os moradores, garantindo autenticidade e qualidade.
A cidade tem acesso direto à praia de Scheveningen, um balneário sofisticado onde você pode pegar sol ou fazer longas caminhadas no inverno.
Troque: Santorini, Grécia
Santorini virou o símbolo do turismo estourado na Grécia. Embora a ilha realmente brilhe com seu pôr do sol alaranjado, suas casas brancas e suas igrejas de domos azuis, ela virou praticamente uma sessão fotográfica permanente. Entretanto, muita gente desconhece que você pode encontrar a mesma estética — porém com muito mais paz — na ilha vizinha: Paros.
Alternativa: Paros, Grécia
Paros reúne praias maravilhosas, vilas brancas caiadas, ruazinhas estreitas para se perder com calma e uma vibe mais autêntica. Além disso, você economiza muito mais que em Santorini, especialmente em hospedagem e alimentação.
A vila de Naoussa lembra bastante Oia, mas sem hordas de turistas disputando espaço para ver o pôr do sol. A ilha também oferece praias com estrutura excelente, trilhas, vinícolas discretas e restaurantes que ainda conservam aquele toque caseiro grego. E, como Paros fica na rota dos ferries, chegar lá é fácil e barato.
Se você quer a surpresa final: a ilha vizinha Antiparos é ainda mais tranquila. Inclusive, celebridades como Tom Hanks já se apaixonaram por lá, então se até gente famosa foge do excesso de movimento, quem somos nós para discordar?
Troque: Paris, França
Paris é Paris, mas também é filas quilométricas, atrações lotadas, preços astronômicos e um ritmo que pode cansar até os viajantes mais experientes. Embora seja impossível negar a beleza da Torre Eiffel ou do Museu do Louvre, a cidade enfrenta um overtourism constante, especialmente entre abril e setembro.
Mas você não precisa abrir mão da elegância francesa. Na verdade, basta ir algumas horas ao sul para descobrir Lyon, considerada por muitos franceses muito mais agradável para visitar que Paris e, pasme, mais rica culturalmente.
Alternativa: Lyon, França
Lyon tem praças charmosas, ruas medievais preservadas, museus fantásticos e um ambiente gastronômico simplesmente impecável. Além disso, como a cidade é menor, você consegue fazer tudo a pé ou de metrô rapidinho. Sem tumulto, sem correria.
A cereja do bolo? Os bouchons, restaurantes típicos da cidade onde você prova o melhor da culinária francesa por preços honestos. E, se quiser adicionar um toque extra, faça o bate-volta até Annecy, uma cidadezinha entre montanhas que parece saída de um conto de fadas.
Troque: Dubrovnik, Croácia
A popularidade de Game of Thrones fez com que as muralhas históricas ficassem intransitáveis, o custo de vida disparou e a cidade se tornou um porto saturado de navios de cruzeiro.
Dubrovnik é majestosa, mas o turismo de cruzeiros a transformou em um destino de poucas horas e muito congestionamento.
Alternativa: Kotor, Montenegro
Aninhada em um dos fiordes mais espetaculares do Mediterrâneo, a Baía de Kotor é Patrimônio Mundial da UNESCO e uma maravilha natural e histórica. Kotor possui um conjunto de muralhas medievais tão impressionante quanto o de Dubrovnik, que serpenteia a montanha íngreme até a Fortaleza de São João. A vista lá de cima é de tirar o fôlego.
A cidade fica em uma baía protegida, que se parece com os fiordes noruegueses. O entorno é de montanhas imponentes que caem no mar azul-cobalto. A Cidade Velha de Kotor é um labirinto de ruas de pedra e praças tranquilas, onde a vida noturna é mais discreta e a cultura local é mais evidente.
Montenegro é consideravelmente mais barato que a Croácia, oferecendo acomodações e refeições de alta qualidade por uma fração do preço.
Troque: Barcelona, Espanha
Barcelona é vibrante, moderna, cheia de arte e praia. No entanto, é também uma das cidades mais lotadas da Europa, a ponto dos próprios moradores criticarem o excesso de turistas nas Ramblas e na Barceloneta. Com voos baratos e clima mediterrâneo, a cidade se tornou um polo turístico que vive no limite.
Mas existe uma alternativa tão completa — e, em muitos aspectos, até melhor — que pouca gente coloca no roteiro: Valência.
Alternativa: Valência, Espanha
Valência oferece praias extensas, limpas e tranquilas; um centro histórico encantador; museus modernos; e uma cena gastronômica que não deixa nada a desejar. Inclusive, foi lá que nasceu a verdadeira paella valenciana, um clássico espanhol que você precisa experimentar no lugar certo.
Além disso, a Cidade das Artes e Ciências é um dos conjuntos arquitetônicos mais futuristas da Europa. E porque a cidade tem mais espaço e menos turistas, você realmente sente que consegue viver o melhor da Espanha sem aquela sensação de aperto constante.
Troque: Praga, República Tcheca
A Ponte Carlos e a Praça da Cidade Velha estão permanentemente lotadas. A cidade enfrenta problemas de bares de despedida de solteiro e turismo de bebida, o que afeta a paz e a segurança.
Praga é um conto de fadas gótico. Mas a massificação do turismo de baixo custo a descaracterizou em certas áreas.
Alternativa: Wrocław, Polônia
Uma das cidades mais vibrantes e históricas da Polônia, Wrocław (pronuncia-se Vrótslav) oferece beleza arquitetônica, vida estudantil e cultura vibrante. Wrocław é construída sobre 12 ilhas e conectada por mais de 100 pontes, ganhando o apelido de “Veneza Polonesa”. A Ostrów Tumski (Ilha da Catedral) é um espetáculo gótico.
A sua praça principal é a segunda maior da Polônia e uma das mais coloridas da Europa, rodeada por edifícios reconstruídos em cores vibrantes. Você pode apreciá-la sem as multidões de Praga. A cidade é famosa por ter centenas de pequenas estátuas de gnomos espalhadas por todos os cantos. Encontrá-los é uma divertida “caça ao tesouro urbana” que atrai tanto adultos quanto crianças.
A Polônia é um dos países mais acessíveis da União Europeia, e Wrocław reflete isso com excelente custo-benefício em hospedagem, transporte e gastronomia.
Dicas práticas para escolher suas alternativas a destinos overtourism pela Europa
Embora cada viajante tenha seu estilo, algumas estratégias ajudam qualquer pessoa a escapar do overtourism na Europa. Além disso, elas tornam sua viagem muito mais fluida:
- Viaje fora da alta temporada: Maio, junho, setembro e outubro são períodos perfeitos para viajar com clima bom e menos gente.
- Pesquise festivais e feriados locais: Isso porque algumas cidades lotam em datas específicas, mesmo sendo destinos alternativos.
- Explore cidades pequenas como base: Você pode ter custos menores e, além disso, fazer bate-voltas para lugares famosos sem enfrentar caos o tempo todo.
- Use trens regionais: Eles conectam lugares incríveis que não aparecem nos catálogos tradicionais.
- Fale com moradores: Ninguém conhece melhores alternativas que quem vive lá.
Conclusão
A busca por alternativas a destinos overtourism na Europa não é apenas sobre evitar multidões; é sobre recalibrar sua bússola de viagem. É um voto em favor da autenticidade, da sustentabilidade e de uma experiência mais profunda e significativa.
Ao escolher Lecce em vez de Roma, Paros em vez de Santorini, ou Kotor em vez de Dubrovnik, você está garantindo que seu impacto seja positivo, que seu dinheiro vá para a economia local real, e, o mais importante, que sua história de viagem seja rica em descobertas genuínas.
A Europa é vasta e cheia de segredos bem guardados. O charme, a beleza e a história não estão concentrados apenas nos cartões postais famosos. Eles esperam por você nas rotas secundárias, nos becos tranquilos e nas cidades onde a vida local ainda dita o ritmo.






